Enviado pela grande amiga Thaís Zara
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Motivo
Cecília Meirelles
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
-não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Benevides de Carvalho Meirelles nasceu em 1901, no Rio de Janeiro. Ainda bem jovem, teve seu primeiro livro, Espectros, publicado em 1919. Em versos regulares ou livres, longos ou curtos, a autora revela habilidade no comando da riqueza lexical e dos ritmos da língua portuguesa. Outro aspecto de sua poesia é a linguagem sensorial, intuitiva e feminina, empregada em versos plenos num jogo hábil de sons e musicalidade. Recordação transfigura a realidade pelos elementos sensoriais. Cecília morreu no Rio de Janeiro, em 1964.
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Motivo
Cecília Meirelles
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
-não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Benevides de Carvalho Meirelles nasceu em 1901, no Rio de Janeiro. Ainda bem jovem, teve seu primeiro livro, Espectros, publicado em 1919. Em versos regulares ou livres, longos ou curtos, a autora revela habilidade no comando da riqueza lexical e dos ritmos da língua portuguesa. Outro aspecto de sua poesia é a linguagem sensorial, intuitiva e feminina, empregada em versos plenos num jogo hábil de sons e musicalidade. Recordação transfigura a realidade pelos elementos sensoriais. Cecília morreu no Rio de Janeiro, em 1964.
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